13 de jul. de 2013

O Jovem Poeta - Início

   Sinceramente, nem sei o porquê de eu querer escrever ainda...Não sinto que transmitir meus pensamentos para uma mera folha de papel irá me ajudar, bom, pelo menos, nunca ajudou até agora, porém, sei que se eu não escrever vou continuar com algum tipo de peso em meus ombros, como se além das outras coisas que carrego, isso influenciasse mais e mais ao passar do tempo. Então acho que foi por isso, que resolvi escrever. Só que...Não faço ideia sobre o que escrever.
  Tantas coisas complexas nesse mundo. Eu continuo a colocar a ponta da caneta no papel, porém desisto depois de escrever por não me parecer a coisa certa, só que eu lembro depois, que não exatamente algo certo para se escrever, afinal, posso escrever sobre o que eu quero, certo? Então por que existe esse pressentimento dentro de mim que diz que eu preciso escrever algo importante, porém eu mesmo não sei sobre o que devo escrever. Isso é tão confuso! Por que isso não pode ser tão simples como uma chuva? Gotas d'água que caem uma atrás da outra e acertam o chão sem medo de se machucarem. Algumas rápidas e outras nem tanto. Elas batem e batem de novo no vidro de meu quarto fazendo baixos sons que vão se repetindo ao passar do tempo em que continua chovendo. Todas as gotas caem sozinhas porém, depois se juntam, que engraçado isso, não? Pelo menos para mim, é. Talvez elas remetam à nossa vida, que tal? Elas nascem sozinhas, mesmo com milhares iguais a elas ao seu lado, porém no final, acabam do mesmo jeito.
  Se eu consigo pensar em tudo isso em apenas alguns momentos, por que não posso simplesmente saber o que devo escrever? Pode ser que eu não tenha que escrever nada, porém se fosse assim, não estaria pensando que devo. Mas que raios é isso que me pressiona tanto? Não vou escrever para ninguém, mas sinto como se devesse escrever algo incrível para que admirassem! Que saco! Acho que mesmo que tivesse todo o tempo do mundo para descobrir o que devo escrever, ainda sim, não conseguiria! Essa necessidade de algo e que eu realmente não faço a menor ideia do que seja, é mais do que estranha...Eu nunca senti isso, então por que agora? Por que nesse momento? Por que sozinho e por que aqui? Não que seja o pior dos momentos mas, que é um dos mais estranhos para se acontecer, com certeza é.
  Já está tarde e eu ainda preciso dormir, só que não sei se irei conseguir...A visão dessa pequena janela ao meu lado está tão bonita, sei que mesmo que eu fechasse meu caderno agora, não iria dormir, iria apenas ficar olhando para essa chuva que não para de cair enquanto pensaria em várias coisas sem nenhuma ligação entre elas. Será que todos são assim ou será que eu sou um em particular? Bom, qualquer dia desses tenho que descobrir e embora ainda não tenha descoberto o que eu acho que devo escrever, eu tenho que ir, afinal, sabia desde o começo que não iria descobrir hoje mesmo. 
  Então é isso...Tchau, ou sei lá, não sei como deveria acabar isso, talvez só com um simples ponto final, mas será que isso seria pouco? Acho que vou deixar essa questão no ar, vou apenas largar a caneta e acabar com isso por hoje. 
  Se ouve então, o barulho do que deveria ser uma caneta caindo em cima de folhas marcadas por tinta e letras e então, logo após isso aquele pequeno caderno se fechou lentamente junto com as mãos de Noah. O silêncio que se estabeleceu foi quebrado por um longo suspiro dado pelo homem e seus olhos se fecharam quase ao mesmo instante, parecia frustrado e aliviado ao mesmo tempo. Como pode isso, não é? Duas sensações praticamente opostas sendo demonstradas claramente com um único e pequeno gesto, mas isso realmente não importava agora. Enquanto ele se levantava, a chuva que dava movimento aquela noite se intensificava. Com um pequeno pulo, o escritor já estava em sua cama, deitado de um jeito estranho porém confortável, seus olhos se fecharam.
  Depois de alguns segundos podia se ver que a respiração dele havia diminuído e se acalmado, ele estava tranquilo e não apenas isso, estava já sonhando, seus pensamentos mais aleatórios pareciam fazer sentido agora e então, ele podia descansar, finalmente.